As Emoções, a Inteligência e a Mente Humana
As Emoções, a Inteligência e a Mente Humana
As emoções são o resultado de um conjunto de processos fisiológicos que ocorrem no nosso organismo: a felicidade, a vergonha ou a culpa são a química no cérebro, são, simplesmente, mudanças moleculares.
Não podemos eliminar as emoções do nosso corpo: elas fazem parte da nossa biologia.
As emoções afetam toda a nossa vida: os pensamentos, os sonhos, as relações humanas, as decisões, as escolhas, etc. Invadem-nos a alma, o intelecto, o corpo. Atiçam a imaginação.
Servem de tema e energia aos sonhos. Estão presentes em todas as formas de arte (na literatura, no cinema, no teatro, na dança, etc.). Na verdade, a vida humana sem as emoções seria excessivamente racional, mecânica, fria e descolorida.
Decidir sem sentir nada é, talvez, o sonho de um tirano, mas para a maioria dos mortais é uma situação que não se deseja. Emoção e sentimento estão ligados à espécie humana e ajudam-nos a decidir, todos os dias, o que queremos fazer connosco mesmos.
As emoções possibilitam salvaguardar o património genético, garantindo a sobrevivência da espécie humana, permitindo comunicar estados necessários ao equilíbrio e bem-estar individual, contribui para a aprendizagem na medida em que certas expressões emocionais instruem as crianças a interiorizar valores e regras sociais, também nos prepara para a ação, podendo em certas circunstâncias moldar o nosso comportamento para o futuro, e, por fim, pode ainda ajudar-nos a regular a interação social.
Tal como existem diferentes formas de se ser inteligente, convergem também diferentes definições de inteligência. Devido à sua complexidade, dificilmente se especifica e proporciona uma definição que agrade à maioria dos psicólogos.
Há vinte anos, afirmava-se que a inteligência era uma capacidade inata e o QI (Quociente de Inteligência) uma característica mais ou menos estável num sujeito, ou seja, permanecia praticamente inalterável durante toda a vida. Mas, com o desenvolvimento da ciência, tornou-se evidente que, ainda que os fatores genéticos sejam importantes, estes interagem de um modo dinâmico como o meio que rodeia o indivíduo.
Procurando definir inteligência, esta pode ser considerada a capacidade mental de raciocinar logicamente, planear, resolver problemas, abstrair, manipular conceitos (números ou palavras), compreender ideias e linguagens, recordar acontecimentos remotos ou recentes, transformar o abstrato em concreto, analisar e sintetizar formas, assimilar conhecimentos concretos (aprender), enfrentar com sensatez e precisão os problemas e estabelecer prioridades entre um conjunto de situações. Este conceito refere-se a uma capacidade mais ampla e mais profunda de compreensão do mundo à sua volta.
Assemelhando-se a outras capacidades e competências, a definição de inteligência é profundamente influenciada pela sociedade que a define: em diferentes culturas, em diferentes épocas, valorizam-se diferentes competências e capacidades intelectuais.
Outro aspeto não menos importante na composição da inteligência é o domínio emocional e social (a inteligência emocional), isto é, compreender as emoções, as nossas e das outras pessoas, no momento oportuno, e responder-lhes adequadamente, revela que as nossas respostas emotivas e sociais são também manifestações de uma base emocional da inteligência humana que influencia nossa a capacidade de decisão e de ação. Este paradigma da inteligência é bastante recente nas investigações encetadas em Psicologia.
Em relação aos sentimentos, classicamente atribuem-se a reações afetivas como a amizade, a saudade, a admiração, a estima, a indignação, a tristeza ou a esperança. Trata-se de estados psíquicos relativamente suaves a que pertencem no tempo. A intensidade moderada e a estabilidade relativa são os carateres que a psicologia clássica atribui aos sentimentos.
Sentimento é um estado afetivo agradável ou desagradável, de grande estabilidade e média intensidade, com papel moderador nas relações que o sujeito estabelece com as pessoas e com os outros elementos do mundo.
Enquanto os sentimentos são reações afetivas ténues e consideravelmente duradouras, as emoções propriamente ditas são mais intensas e passageiras, assumindo formas por vezes explosivas e desajustadas.
Emoção é uma reação agradável ou desagradável do organismo, geralmente de curta duração e grande intensidade, a um acontecimento inesperado, que interfere na relação que o sujeito estabelece com a realidade.
Um outro aspeto que distingue sentimentos e emoções é que estas últimas, além de públicas e voltadas para o exterior, são desencadeadas à custa de um motivo específico também exterior – a situação emotiva. Já os sentimentos são vividos na esfera privada e sem que se mostrem às outras pessoas, não apresentando uma causa exterior facilmente identificável a justificar o seu aparecimento. António Damásio, neurocientista luso-americano estudioso das emoções, diferencia também emoção e sentimento, embora não siga a ortodoxia dos critérios clássicos. Segundo este neurocientista, as emoções são de natureza fisiológica, enquanto os sentimentos são de natureza racional, implicam atos de cognição consciente. As emoções dizem respeito a um conjunto de alterações com que o corpo responde de modo imediato e automático a uma situação inesperada do meio ambiente. Os sentimentos respeitam à tomada de consciência, ou experiência racional, do que se passa no organismo quando estamos a viver estados emocionais.
Há várias conspirações acerca do estudo das emoções, que levam a diversas teorias e que se contrariam umas às outras.
Segundo Newen, na teoria James-Lange, as emoções são o resultado de estados fisiológicos desencadeados por estímulos ou situações ambientais. Eles postulam que não choramos porque estamos tristes, mas ficamos tristes porque choramos. Uma pessoa sente medo porque o seu corpo respondeu com determinadas reações fisiológicas a uma situação. A perceção do estado de nosso próprio corpo: são simplesmente aquilo que experimentamos quando esse estado se altera devido a acontecimentos do meio ambiente (2009).
Resumindo, perante uma situação de emergência, primeiro o homem reage e foge e é por fugir que sente medo. De acordo com William James, o que diferencia as emoções é que cada uma delas esta relacionada a perceção de transformações corporais. Esta teoria é conhecida como teoria de James-Lange, porque essa mesma teoria era defendida por Carl Lange.
James declarava que quando um indivíduo é afetado por um estímulo, sofre alterações fisiológicas perturbadoras, como falta de ar, palpitações, angústia e etc. O reconhecimento desses sintomas é que vai gerar emoção no indivíduo.
A teoria de James-Lange recebeu críticas do fisiologista Walter Cannon, que em 1927 propôs uma teoria alternativa, baseando-se nas investigações de Philip Bard. De acordo a teoria de Cannon-Bard, as emoções têm origem no cérebro, ocorrem ao mesmo tempo que as reações fisiológicas, mas não são causadas por estas. Segundo essa Teoria, os estímulos emocionais têm dois efeitos excitatórios independentes: Provocam o sentimento da emoção no cérebro bem como a expressão da emoção no sistema nervoso autónomo e somático. Tanto a emoção como a reação a um estímulo seriam simultâneas. Assim, numa situação de perigo, o indivíduo perante um estímulo ameaçador sente primeiro medo e depois tem a reação física, foge.
Em suma, nesta breve pesquisa estão presentes duas teorias opostas, mas que não deixam de ter valor, porque o tema da emoção é muito vasto e permite que se façam muitos estudos, mas a verdade é que o que o torna interessante é ser um ponto comuns a todos os seres humanos, pois somos dominados pelas emoções, sentimentos e afetos.
Como proposta de atividade, aconselho a leitura do livro “Linguagem corporal” de Allan e Barbara Pease, que nos esclarece / ensina de uma forma excelente como é que as emoções se expressam a partir do rosto e como ler os pensamentos dos outros através dos seus gestos.